Topografia com drones: Mitos e Verdades

Poderíamos começar a matéria discutindo sobre o termo “ topografia com drones”. Seria um mito ou uma verdade?

Explico: a topografia é uma ciência bastante antiga e mais popular dentro das geociências. Basicamente ela é realizada através de operadores em campo que percorrem o terreno com equipamentos como a estação total e receptores GNSS (GPS) coletando pontos no terreno.

Topografia com drones
Figura 1 – Operador com uma estação total, coletando o ponto ocupado pelo auxiliar com um prisma.

 

No caso da “topografia com drones”, ou melhor, “fotogrametria com drones” seria o termo correto. O conceito a define como “a ciência que captura informações de objetos em solo sem contato direto entre este e o sensor”, ou seja, você não precisa percorrer o terreno para capturar informações pode realizar isso de forma remota.

Porém, se você buscar as definições de topografia no dicionário vai encontrar o seguinte resultado:

  1. Descrição ou delineação exata e pormenorizada (detalhada) de um terreno, de uma região, com todos seus acidentes geográficos; topologia.
  2. Configuração de uma extensão de terra com a posição de todos os seus acidentes naturais ou artificiais.

Portanto, podemos afirmar que do ponto de vista das geociências o correto é “fotogrametria com drones”, agora do ponto de vista literal da expressão pode-se dizer que é realizado a topografia do terreno através de drones.

Independente do termo utilizado, o uso dos drones para coletar informações do terreno é uma evolução tecnológica da ciência chamada fotogrametria. As principais mudanças que ocorreram com a chegada dos drones foram a diminuição dos custos, logística e facilidade na operação.

 

Com a diminuição drástica dos custos e o aumento exponencial de oportunidades, esta tecnologia caiu nas graças do mercado, por conta dessa esta grande popularização naturalmente a tecnologia acaba sendo banalizada e é comum conversarmos com clientes que tiveram uma experiência negativa com a tecnologia.

Topografia com drones
Figura 2 – Fotogrametria com aeronaves não tripuladas (VANT’s/Drones)

 

Isto ocorre porque diversas pessoas se lançam no mercado mirando a oportunidade e esquecendo-se da qualidade dos produtos gerados. Recentemente conversei com um potencial cliente de uma construtora que disse que trabalhou em um projeto onde a base foi levantada com drones e os resultados não batiam com a topografia em solo, que houve uma discrepância muito grande.

Neste caso claramente a empresa que realizou o levantamento não tinha conhecimentos técnicos das etapas de um projeto de mapeamento aéreo e não executou um trabalho preciso com controle de qualidade de todas as etapas.

Devido a isto, o cliente estava receoso acreditando que a tecnologia não funciona. Resolvemos escrever esta matéria sobre os mitos e verdades da “topografia com drones” ou “fotogrametria com drones” para falar justamente sobre situações parecidas com essa.

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MITOS

  1. Topografia com drones – É fácil e simples de fazer

É comum as pessoas vincularem o trabalho de engenharia (mapeamento aéreo) com o hobbie de pilotar um drone. Muitas vezes o cliente questiona o fato de um parente ter um drone que pagou X reais e como ele vai pagar 5X pelo serviço.

Em um trabalho de mapeamento aéreo, o drone é apenas uma ferramenta, ou seja, ele é meio e não o fim, não adianta você ter uma ótima ferramenta em mãos, se não souber utilizá-la, se não souber extrair ótimos dados e fornecer ótimos produtos. O mapeamento aéreo com drones não é um trabalho artístico, é um trabalho de engenharia. Não são fornecidas imagens aéreas e sim dados, indicadores qualitativos e quantitativos para uma gestão estratégica do terreno.

A fotogrametria é uma ciência, o drone é uma tecnologia, o mapeamento aéreo é um trabalho de engenharia, portanto, está longe de ser simples, porém, também não é tão complexo ao ponto de ser impossível, tudo vai depender de capacitação, aplicação na prática e experiência com o tempo.

  1. Topografia com drones – Precisão e Acurácia

É muito comum a confusão entre esses dois termos, já escrevi uma matéria para a Revista DroneShow abordando este tema, você pode conferir aqui. Esse é o ponto mais importante de um trabalho de mapeamento aéreo: a confiabilidade dos dados, ou seja, qual é o nível de confiança dos produtos apresentados? Qual a segurança que uma empresa de engenharia, por exemplo, pode ter ao utilizar esses dados como base em seus projetos?

O mito aqui está em dizer que os produtos são acurados sem a utilização de pontos de apoio em solo. Não há como atestar a confiabilidade, o nível de confiança do projeto se não foram utilizados pontos de apoio em solo, além disso, é importante exigir os relatórios de processamento dos pontos de apoio e da aerotriangulação (processamento das imagens).

Se você não sabe o que são pontos de apoio e não sabe quando utilizá-los nós escrevemos uma matéria em nosso blog abordando este tema. Veja aqui: http://blog.droneng.com.br/pontos-de-controle-quando-utilizar-no-mapeamento-aereo-com-drone-2/

VERDADES

  1. Topografia com drones – Operação com apenas um homem em campo

Sim, é possível realizar toda a operação apenas com um homem em campo, ele pode planejar o voo, dirigir o carro até o local, montar o equipamento, decolar, acompanhar o voo, pousar e retornar para o escritório.

Este é o foco da tecnologia, a praticidade. Devido grande parte das operações serem automatizadas a necessidade de intervenção humana é pequena. O BATMAP, por exemplo, foi projetado para estar pronto pra voo em 2 minutos, através dos seus conectores personalizados rapidamente ele pode ser montado, além disso, ele não depende de catapulta para ser lançado o que o torna ainda mais prático e dinâmico.

Clique aqui e veja um vídeo da operação do BATMAP com apenas um operador em campo

  1. Topografia com drones – Os produtos são mais detalhados que a topografia convencional 

O mapeamento do terreno ocorre através de pontos coletados no terreno, na topografia é necessário ocupar cada ponto para coletá-lo, já na fotogrametria isso é feito de forma remota onde cada pixel da imagem torna-se um ponto com coordenada conhecida no terreno.

Portanto, a quantidade de pontos coletados com a fotogrametria é muito superior a topografia. No nosso case técnico em uma mesma área coletamos 628 pontos através da topografia em solo, já com a fotogrametria com drones foram gerados 1.000.000 de pontos (tie points).

Topografia com drones
Figura 3 – Pontos coletados através da topografia em solo

 

Topografia com drones
Figura 4 – Pontos coletados através da “topografia com drones”

Devido à quantidade de pontos serem maior o terreno será mais bem representado, ou seja, terá a sua definição mais próxima da realidade.

3. Topografia com drones – É mais produtivo

A produtividade vai depender diretamente de alguns fatores:

  • Autonomia do equipamento: tempo de voo
  • Câmera utilizada: quanto maior a resolução em megapixels, maior o tamanho da imagem gerada e consequentemente maior a área de cobertura.
  • Altura de voo: quanto mais alto o voo, maior a cobertura e menor o detalhamento.
  • Distância focal (tamanho da lente): quanto menor a lente utilizada, maior o GSD (tamanho do pixel no terreno) e consequentemente maior a área de cobertura.

 

4. Topografia com drones – É mais barato

Esse ponto depende de alguns fatores como tamanho da área, produtos gerados, tempo de entrega, precisão, nível de detalhamento, etc. Porém, por necessitar de apenas um operador em campo, por ser mais produtivo necessitando de menos dias em campo, serão menos gastos com mão de obra e despesas com hospedagem, translado, alimentação, horas extras, etc.

Em muitos casos realmente a topografia com drones acaba sendo mais barata.

Esses foram alguns dos mitos que nos deparamos no dia-a-dia e algumas verdades (possibilidades) que a topografia com drones ou fotogrametria com drones permite.

Fonte: http://blog.droneng.com.br/topografia-com-drones-mitos-e-verdades/

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